CHAVES: Estado ''doentio'' do Hospital de Chaves preocupa deputadas

2022-11-15 17:06:15

O serviço de urgência do Hospital de Chaves, tem estado congestionado e com utentes com esperas superiores a sete horas. Esta não é a primeira vez que este cenário acontece em Chaves e as deputadas do PS e do PSD questionaram o Ministro da Saúde ,Miguel Pizarro sobre esta situação convidando-o a uma visita à unidade de Chaves.


Depois do que aconteceu na época da Feira dos Santos, onde tal como noticiamos na altura, com a população a quadruplicar, na urgência de Chaves viveram-se momentos de caos com um único clínico escalado para o serviço e a situação tem vindo a repetir-se com alguma frequência.

Recorde-se que na altura, 31 de outubro, estavam pessoas que deram entrada no hospital e foram triados com prioridade amarelo às 10h e depois das 15h ainda não tinham sido chamadas.

Ao que conseguimos apurar, nesse dia o clínico que esteve de serviço durante a noite de 30 para 31, domingo para segunda-feira, continuava de serviço durante a manhã, mas como o fluxo ao serviço de urgências foi grande e estava sem descansar, não aguentou e ausentou-se, deixando o serviço sem um único médico de Clínica Geral e as pessoas amontoarem-se, indignadas, na sala de espera.

Como resposta ao que ocorreu durante a Feira dos Santos no serviço de Urgência da unidade hospitalar de Chaves, o Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro (CHTMAD) informou, através de uma nota enviada à redação, logo na altura, que ''durante o período referido (noite de 30 e manhã de 31), houve um problema técnico no sistema informático SClínico, que, em simultâneo com um maior fluxo de doentes, resultou num acréscimo dos tempos de espera no atendimento na Urgência médico-cirúrgica, da Unidade Hospitalar de Chaves. O Conselho de Administração esclarece que o problema está ultrapassado e garante que a qualidade da prestação de cuidados de saúde esteve sempre assegurada pela equipa, composta por várias especialidades''.

O caso da urgência do hospital de Chaves tem contornos bem mais graves e esta segunda-feira, 14 de novembro, o serviço estava a funcionar sem um único médico de Clínica Geral com os utentes, grande parte deles triados com amarelo a indignarem-se com o atendimento do serviço.

Perante tanta contestação, as deputadas Cláudia Bento e Fátima Correia Pinto, eleitas pelo Distrito de Vila Real pelo PSD e PS, respetivamente, levaram o assunto à Assembleia da República e questionaram o Ministro da Saúde, Miguel Pizarro sobre o que se tem estado a passar no Hospital de Chaves, com constante dificuldade em recrutar médicos tarefeiros que assegurem a presença na Urgência, que se debate com este tipo de situação de longas esperas desde o final do verão.

Apesar de serem de quadrantes políticos diferentes, as deputadas questionaram também Miguel Pizarro sobre a Unidade de Hemodiálise de Chaves, que está em remodelação, ''mas a passo de caracol''.

As deputadas abordaram ainda a demora nas obras dos Cuidados Intermédios, e Cuidados Paliativos.

A Deputada Cláudia Bento levantou ainda a problemática da urgência em Urologia na totalidade do Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro, garantindo que todos os utentes que derem entrada numa das três unidades deste Centro Hospitalar, com problemas desta especialidade são transferidos para uma unidade do Porto.

Manuel Pizarro foi ainda convidado pelas deputadas a fazer uma visita à unidade de Chaves, ao qual ainda não obtiveram resposta.

Segundo os profissionais de saúde, o congestionamento do serviço de urgência é na grande maioria das vezes uma “questão cultural”. Grande parte das pessoas que congestionam o serviço, podiam evitá-lo ligando para a Saúde 24 ou procurando o Médico de Família nos Centros de Saúde, especialmente na chegada do inverno e das gripes.

Um serviço de urgência, tal como consta na Lei é um serviço multidisciplinar e multiprofissional, que tem como missão a prestação de cuidados de saúde a doentes urgentes e emergentes e é precisamente aqui que surge grande duvida, pois só são doentes urgentes e emergentes todos aqueles que potencialmente podem ter risco de vida ou estão na eminência de risco de vida. Os outros doentes devem dirigir-se aos cuidados primários de saúde, sendo depois, se necessário for, encaminhados para a urgência dos hospitais, evitando assim as listas de espera perlongadas.

Face à elevada procura do serviço de urgência, foi implementado o sistema Triagem de Manchester, feita por um enfermeiro mal se dá entrada no serviço de urgência, para assegurar que o doente seja atendido de uma forma mais célere e eficaz.
Essa triagem é definida por cores. A cor vermelha tem atendimento imediato, a Laranja tem um tempo de espera recomendado até à primeira observação médica de 10 minutos e a cor amarela tem um tempo de espera recomendado até à primeira observação médica de 60 minutos, o que está longe de acontecer em Chaves, devido segundo os profissionais a um elevado de possas, com verdes e azuis com tempos de espera de 120 ou 240 minutos, que não deviam acorrer ao serviço de urgência.

Em Chaves existe ainda a pulseira Verde AVC, trauma, coronária e sépsis, que devem ter observação imediata com o objetivo de diminuir o risco de vida ou a perda de um órgão vital.


Paulo Silva Reis

 


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