CHAVES: Fim do IVA leva mais flavienses às compras em Espanha

2023-01-24 11:20:55

Devido à isenção ou redução do IVA nos produtos de primeira necessidade, alguns flavienses aproveitam a medida do governo espanhol para ''poupar alguns cêntimos'' e dirigem-se aos supermercados da fronteira em maior número. Será que compensa? As opiniões são divergentes.


Os portugueses que vivem próximo da fronteira conseguem, por vezes, beneficiar do combustível mais barato e agora com a isenção ou redução do IVA, Imposto sobre Valor Acrescentado, nos bens alimentares essenciais, aproveitam também para ir às compras. A medida, imposta pelo governo espanhol, visa atenuar o impacto da crise e da inflação e parece estar a cativar também os flavienses entrevistados que vivem a cerca de 12 Km da povoação de Feces de Abaixo, no Município de Verín.

Rodolfo Gonçalves vive perto de Vidago. Sabe que se vier de propósito a Feces de Abaixo não compensa mas como teve que vir a Chaves deu ''um pulo'' e cruzou a fronteira. ''Só quando venho a Chaves é que aproveito para vir aqui às compras. Vim meter gasolina, comprar tabaco, coca-cola e vim comprar gás, que é 20 euros e lá são 30 e tal euros'', revela este flaviense que com a redução ou isenção do IVA nos bens de primeira necessidade admite que se ''compra mais por menos dinheiro''.

Puri Regueiro é responsável por um estabelecimento comercial junto à fronteira. Já está habituada ver entrar no seu supermercado muito cliente português mas assegura que nos últimos dias tem sentido maior afluência, o que ''é bom para o negócio''. A medida não é indiferente e ''sentimos maior afluência de portugueses, mais do que o habitual. É uma época do ano um bocado difícil. Depois de passar o Natal, as pessoas ficaram um bocado ''deprimidas de dinheiro'' mas com este apoio vê-se mais portugueses, sobretudo durante o fim-de-semana que é quando têm mais tempo. É o dia de maior afluência de pessoas''.

Enquanto aguarda por encomendas, para repor as prateleiras do supermercado, esta comerciante recebe mais um cliente. José Veríssimo vem de São Lourenço, Chaves. ''A cada passo venho meter gasolina e às compras. Sei que ficou mais cara e quando assim é, aproveito para vir a Espanha e com a redução do IVA melhor é''.

''É BOM PARA NÓS E PARA OS PORTUGUESES MAS QUEREMOS MAIS''

Para ajudar a combater a escalada da inflação, o Governo de Espanha anunciou a isenção do IVA sobre alimentos básicos como pão, leite, queijo, ovos, fruta, legumes e leguminosas, batatas e cereais, durante seis meses e a redução de 10% para 5% em alimentos como azeite e massa. A medida é vista com bons olhos mas os espanhóis pedem mais. É o que partilha Manuel Rodriguez. Um espanhol que vive em Feces de Cima. ''Venho muito a este supermercado. E com a redução do IVA ainda é melhor. É bom para nós e para os portugueses mas queremos mais. Faltam mais produtos essenciais''. O mesmo diz Puri Regueiro, a comerciante que acredita que a redução vai ajudar muitas famílias. ''Estamos contentes com esta medida mas não totalmente porque queremos a redução do IVA noutros produtos essenciais como a carne e o peixe. Estamos à espera. A ver se este ano, como há eleições, se reduzem que o povo está à espera''.

''EM PORTUGAL PODÍAMOS ESTAR MELHOR''

Em Portugal a Ordem dos Nutricionistas, que em outubro propôs ao parlamento a isenção do IVA em alimentos considerados de primeira necessidade, aplaudiu a medida tomada por Espanha e lamentou a ''inação nacional''. Tal como muitos portugueses que reclamam medidas para combater a inflação e enfrentar os próximos tempos. ''Em Portugal podíamos estar melhor do que estamos se também reduzissem o IVA. Pouco ou muito alguns cêntimos ainda se conseguia poupar mas assim como estamos é impossível'', adianta José Veríssimo. ''O nosso Governo devia olhar mais para a nossa bolsa, porque estamos a ser muito castigados'', referiu também Rodolfo Gonçalves.

Com o IVA atual, em Portugal, segundo a Ordem dos Nutricionistas, uma família, constituída por dois adultos e um adolescente, gasta, com um cabaz de alimentos essenciais, à volta de 126 euros por semana, o que se traduz em quase 550 euros por mês. Com a isenção do IVA, a mesma família teria uma redução semanal no cabaz alimentar de sete euros e uma redução mensal de 31 euros.

O QUE SE POUPA?

O que se consegue poupar depende muito do que se coloca no carrinho e das opções que cada pessoa faz. Os comerciantes dos pontos transfronteiriços acreditam que pelo menos ''sempre é mais barato um bocadinho'' e dão o exemplo dos ovos.
''Os ovos é um produto muito procurado devido à escassez e à diferença no preço. Uma dúzia de ovos custa à volta de dois euros, dois euros e 10 cêntimos enquanto, em Portugal meia dúzia custa um euro e 60 cêntimos. É muita diferença''.

A medida do Governo espanhol vigora desde janeiro de 2023 e prolonga-se até junho deste ano.

Sara Esteves
Fotos: David Teixeira

 


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