VALPAÇOS: Feira do Folar recheada de sucesso nas vendas e na afluência

2023-04-04 12:08:29

Durante três dias o Pavilhão Multiusos de Valpaços acolheu a 23ª edição da Feira do Folar. Um produto de Indicação Geográfica Protegida (IGP) muito apreciado ao longo de todo o ano, mas que ganha maior importância na época de Páscoa. O certame chegou ao fim este domingo e foi recheado de sucesso nas vendas e no número de visitantes que ultrapassou as 150 mil visitas.

O Folar de Valpaços faz crescer água na boca seja pelo seu recheio, à base de enchidos do concelho, seja pelo seu aspeto. Uma massa fofa e estaladiça amassada por mãos sábias e confecionado em formas de barro e em forno de lenha. Este produto, com selo IGP indica mesmo que é uma iguaria de qualidade e que só é produzida em Valpaços. E por isso, o concelho dedica-lhe há já 23 anos uma feira onde só entram produtos endógenos de referência. Daniela Vassal é uma das mais jovens produtoras. Ajuda a sua tia no expositor da Padaria Fontoura e expõe com orgulho todos os produtos com especial carinho pelo rei da festa, o Folar. Iguaria que esgotou dada a procura. “Correu muito bem a feira. Mais folar tivéssemos mais vendíamos. Tivemos fornadas de folar a sair do forno de quatro em quatro horas e esgotamos o stock. Ficamos sem produto durante a tarde de domingo, o que é ótimo”.

O Folar de Valpaços é um produto que é vendido durante todo o ano mas com o aproximar da época pascal, é muito procurado para encher a mesa. “Nesta época é mais procurado e o facto de ser um produto geograficamente protegido é ótimo porque é mais um símbolo de qualidade e garantia que o nosso produto é bom”, revelou Daniela Vassal. Também a jovem Daniela Conde, da Padaria Juvenal, explica ao Jornal de Chaves que o Folar resulta da “junção de vários produtos de qualidade como o fumeiro que é produzido de forma artesanal”. Com a subida da inflação, o Folar de Valpaços sofreu ''um ligeiro aumento'' e foi vendido a 13 euros o kilo. “Tendo em conta a inflação acho que o aumento não foi assim tão grande, foi apenas de um euro. Porque quer os ovos, quer a farinha e os enchidos, tudo aumentou”. Mas apesar da conjuntura económica que o país atravessa, a venda deste produto gera retorno, assegurou Leonor Conceição Martins, da Paniarte. “É claro que há retorno, o que não há, é aquilo que provavelmente se ganharia antigamente porque agora, os produtos estão muito mais caros do que estava mas pronto a gente tenta de uma maneira ou de outra, equilibrar a situação”.

A olhar pela afluência de pessoas o aumento de preço parece não ter afastado os clientes desta feira que contou com uma centena de expositores, muitos deles trabalharam durante horas para expor os seus produtos. “Trabalhamos dia e noite. Temos uma casa com três fornos e tenho já 17 colaboradores a trabalhar não só no folar mas também no pão. Nestes dias, ainda tenho mais 12 pessoas a trabalhar para fazer face à procura”, revelou-nos Conceição Moutinho, da Padaria Moutinho.

Além do sucesso nas vendas, o número de visitantes ultrapassou as 150 mil visitas. Foram registados visitantes de todo o país. De Braga encontramos um amante da gastronomia transmontana. “ É a primeira vez que venho cá. Já comprei o folar, o vinho da Adega de Valpaços e outras coisas de lembrança que tenho muito boa referência”. De Valpaços, Adelina Marques diz que o folar é bom porque “é feito com amor” e ninguém diz que não porque os produtores exibem-no com brio.
“Para mim isto é um desafio. Todos os anos é uma adrenalina adoro esta altura. Isto é uma festa para nós. É muito cansativo mas acaba por ser uma festa e uma tradição que podemos deixar esquecido” conta-nos Liliana Guedes, do expositor Sabores de Rio Torto.

“É O MELHOR CERTAME GASTRONÓMICO DA REGIÃO NORTE”

Quem o diz é o Presidente da Câmara Municipal de Valpaços. Amílcar Almeida inaugurou o certame na sexta-feira, 31 de março, na presença da Ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, e não escondeu o orgulho nesta montra dos produtos da região. “Eu diria que é o melhor certame Gastronómico de toda a Região Norte não só pelo investimento feito por parte do Município, pelas pessoas que acorrem aqui durante estes três dias, bem como também o volume de negócio que gera este certame. Esta é uma verdadeira montra dos produtos da terra em que o rei deste certame é de facto o folar, mas podemos encontrar o que melhor se faz e produz no concelho de Valpaços os nossos vinhos, os nossos azeites, o fumeiro, o mel e tantos outros produtos derivados da castanha. Esta feira é um verdadeiro sucesso daí o nosso empenho total”. Maria do Céu Antunes também elogiou o certame. “Estou aqui com muito gosto porque são momentos como este que valorizam as nossas tradições, os nossos produtos locais e que valorizam aquilo que as nossas gentes fazem de melhor”.
O certame repleto de gastronomia ímpar, diversas atividades, animação e muita música chegou ao fim este domingo, coroado de sucesso.

Engane-se o produtor que pense que já pode ''respirar de alívio''. A Páscoa está aí à porta e além do frenesim nas padarias e pastelarias, esta iguaria, que não falha na mesa dos transmontanos, está também à venda na plataforma online www.folarvalpacos.pt.

ESCASSEZ DE ÁGUA ESTÁ A IMPEDIR A EXPANSÃO DA ATIVIDADE AGRÍCOLA

O Município de Valpaços continua a exigir a construção de um reservatório de água no concelho, para ajudar no combate a incêndios e para fazer face às necessidades do sector primário. O autarca aproveitou a presença da Ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, para solicitar ajuda e melhor atenção, para as candidaturas que a autarquia apresentou no setor agrícola, nomeadamente para a criação de um aproveitamento hidroagrícola, na zona da Padrela.

O empreendimento, a ser construído entre as localidades de Tazém e Cabanas, localidades com grandes investimentos agrícolas, está orçado em cerca de 18 milhões de euros e permitiria fazer chegar a água por gravidade a cinco freguesias importantes na produção de castanha, azeitona, amêndoa, maçã e de outros novos produtos, como goji e o mirtilo, abrangendo uma área de cultura agrícola de 1.200 hectares. Depois do Estudo de Impacto Ambiental, o investimento será avaliado pela Agência Portuguesa do Ambiente. Amílcar Almeida explica que o aproveitamento hidroagrícola “permitirá aumentar significativamente a área de regadio deste concelho sendo que a produção agrícola sofrerá um grande impulso na expansão da atividade agrícola, além do apoio no combate aos incêndios, o apoio no abastecimento das populações e no turismo”. Por tudo isto, o autarca solicitou ajuda à Ministra da Agricultura. “Ajude-nos a valorizar o nosso mundo rural. Contribua para a sustentabilidade deste território. Queremos ser uma terra de futuro”.

Num desafio de âmbito regional, Amílcar Almeida lançou ainda o repto de apoio para o projeto de instalação do Bio – Pólo do Alto Tâmega e Barroso nas antigas instalações do Centro de Formação Técnico Profissional Agrário “Alves Teixeira”, em Vidago que se encontram devolutas. A iniciativa da Comunidade Intermunicipal do Alto Tâmega e Barroso (CIMAT) visa impulsionar a agricultura biológica onde já existem 100 produtores a produzir em modo de produção biológica.

GOVERNO GARANTE 180 MILHÕES DE EUROS EM APOIOS À PRODUÇÃO AGRÍCOLA

Segundo Maria do Céu Antunes estes apoios vão chegar aos agricultores e servem para minimizar o impacto que os fatores de produção e o seu aumento têm sobre os preços à produção e com isso “ estabilizar os preços, baixá-los e fazer com que cheguem mais baratos também à mesa dos portugueses e das portuguesas. São 180 milhões de euros que disponibilizamos do Orçamento de Estado. Esperamos só autorização da Comissão Europeia para os podermos disponibilizar. Será uma fatia para o gasóleo colorido e marcado, uma fatia para eletricidade, uma fatia para a pequena agricultura e depois uma fatia para o apoio à produção, nomeadamente para vacas de carne e de leite, ovinos e caprinos e culturas vegetais. O aumento nos custos de produção foram de 27% em fertilizantes, rações para animais, a parte ligada à dimensão da energia, etc.”. A governante falou também da redução e estabilização de preços dos bens alimentares, com a redução do IVA. “Estamos agora a fazer este acordo, que junta os produtores com a distribuição e com o esforço adicional do Governo para baixar o IVA, num conjunto de 44 produtos. São 400 milhões de euros de receita que não iremos cobrar e que claramente, será dinheiro que fica na carteira dos portugueses e das portuguesas”, termina por dizer a Ministra da Agricultura.

Sara Esteves
Fotos: Carlos Daniel Morais

 


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