CHAVES: QUE POLÍTICA PARA A REGIÃO

2021-06-04 17:42:22

RUBRICA QUE POLÍTICA PARA A REGIÃO – PS

PERGUNTA Nº11: Será legítimo pedir que os concelhos do Alto Tâmega tenham uma ligação viária rápida? Que benefício pode trazer ao concelho?

RESPOSTA PS:

Sim é legítimo pedir, tanto mais que três dos seis concelhos do Alto Tâmega já possuem entre os seus territórios, uma ligação em autoestrada, concretamente, Chaves, Vila Pouca de Aguiar e Ribeira de Pena. Dos três concelhos remanescentes, Boticas fica a 14 Km, do acesso à autoestrada, Valpaços a 19 Km e Montalegre a 37 Km. Dever-se-á considerar ainda que a ligação de Valpaços à A4 em Chaves também é de 37 Km.

Esclarecendo prioridades, a ligação de Chaves a Montalegre poderá merecer maior atenção, seguindo-se a ligação a Valpaços. As ligações a Carrazedo de Montenegro, a 35 Km de Chaves, e a Vinhais, a 74 Km, também apresentam real valor.

Os projetos a desenvolver no curto prazo deverão acrescentar capacidade e qualidade à rede rodoviária intrarregional, e resultarem em poupança de tempo de viagem e melhoria da segurança rodoviária, mas com soluções técnicas razoáveis e com uma boa relação custo eficácia.

Neste pressuposto, ligar em autoestrada todos os concelhos do Alto Tâmega, dificilmente encontrará oportunidade de financiamento, pois teriam de contruir-se, no mínimo, sempre mais de 50 Km novos, a mais de 4 milhões de euros de custo médio por quilómetro, ultrapassando facilmente os 200 milhões de euros. Mesmo com perfil de via rápida (via reservada e veículos a motor acima de determinada potencia) o valor seria ainda superior a 120 milhões de euros. Esta opção obrigaria, cada concelho, a encontrar financiamentos na ordem dos 40 milhões. Claro está que estas soluções, se hipoteticamente consideradas, só à administração central caberia desenvolver.

Assim, a ligação viária rápida referida, que se almeja, terá de passar por outra solução com melhor relação custo eficácia. Tanto mais que, quer uma autoestrada, quer uma via rápida apenas serviriam bem as sedes de concelho, pois, o acesso ao longo do trajeto das mesmas, apenas se efetuaria em condições e locais específicos. No caso das autoestradas haveria ainda a possível sujeição a portagens.

Deste modo, uma via que permita uma velocidade moderada poderá responder cabalmente às necessidades de incremento da acessibilidade no nosso território. Esta tipologia de via, atravessando diversas localidades ao longo do seu percurso, não sendo excedidas as velocidades legalmente estabelecidas, nem sendo lenta, corresponderia à ligação viária a promover, a qual deverá ainda “permitir ao condutor executar as manobras cuja necessidade seja de prever e, especialmente, fazer parar o veículo no espaço livre e visível à sua frente”, tanto mais que o nosso território é marcado pelo envelhecimento da sua população automobilizada.

Convém recordar que em Portugal os limites de velocidade para veículos ligeiros variam entre os 120 Km/h nas autoestadas, e os 90Km/h nas restantes vias públicas. Contudo, o tipo de veículo utilizado pode ainda determinar velocidades inferiores. Por exemplo, veículos pesados, têm o limite nos 80Km/h e, dentro de localidades, os valores da velocidade ainda são menores.
Também se deverá ter presente que acima de um certo limite de velocidade, aumenta a fadiga do condutor, o consumo de combustível, o desgaste dos pneus, dos travões, da mecânica do veículo e a poluição do ambiente aumenta. Refira-se que, ultimamente, face à elevada sinistralidade rodoviária, o estado tem optado por implementar contínuas mediadas de acalmia de velocidade de circulação.

Tudo ponderado, considera-se rápida uma ligação viária com velocidade média para o percurso, dentro dos limites legais de velocidade de circulação.

Convém antecipadamente assinalar que a velocidade mais baixa nos percursos viários intrarregionais não se deve só ao mau estado de conservação das vias, à deficiente drenagem da faixa de rodagem, às descidas de inclinação acentuada ou a outras condições de fraca aderência, mas, também, à passagem por localidades ou vias marginadas por edificações, à proximidade animais, às passagens assinaladas na faixa de rodagem para a travessia de peões, às curvas, cruzamentos, entroncamentos, rotundas, lombas e a todos os locais de visibilidade reduzida.

Sobre as deslocações entre Chaves, Vila Pouca de Aguiar e Ribeira de Pena, por já disporem de autoestrada, não vamos analisar os ganhos de tempo obtidos pela requalificação da ligação existente. Assim, veremos o que poderemos ganhar em tempo, com melhorias nas ligações entre Chaves e Valpaços, e Chaves e Montalegre.

Entre Chaves e Montalegre, metade do percurso já vem sendo intervencionado, pelo que na restante metade, na extensão de 15 Km, é que poderá ser incrementada melhoria de velocidade. O limite de velocidade nesta via é de 90 Km/h, pelo que percorrer 15 Km, à velocidade máxima legal permitida, demoraria 10 minutos. Atualmente demoramos aproximadamente 16 minutos. Assim, poderemos diminuir no máximo 6 minutos a efetuar o trajeto, se realizado em via reservada e veículos a motor acima de determinada potencia e com cruzamentos e entroncamentos desnivelados. Para construir uma via assim, seriam necessários mais de trinta e cinco milhões de euros, pensando em perfil de via rápida.

Este custo aconselha a opção que deverá passar por uma intervenção diferente, corrigindo o traçado atual apenas onde existam raios de curvatura apertados, melhorando as bermas, a sinalização horizontal, a iluminação e o piso. Uma intervenção desta natureza poderá custar perto de 2 milões de euros, nos 15 Km a intervir. Claro que não se reduzira o tempo de percurso em 6 minutos, mas apenas em metade disso, pois continuarão a existir cruzamento e entroncamentos, e não existirão rampas para veículos lentos nas subidas. Mas passaremos de uma velocidade média no percurso de 57Km/h, para 70 Km/h, ainda longe dos 90 Km/h de uma via rápida. Mas talvez os ganhos de tempo nem sejam o ganho mais relevante, pois um bom piso diminui a fadiga do condutor, o consumo de combustível, o desgaste dos pneus, dos travões, e da mecânica do veículo, poupando a carteira e a saúde a todos os que regularmente tenha de efetuar o percurso.

Para o percurso de Chaves a Valpaços o mesmo se poderá referir, e a extensão de via a corrigir será da mesma proporção no concelho de Chaves.

Sobre os benefícios para o concelho, deveremos ser cautelosos em considerar alterações significativas, pois a realidade diz-nos que os objetivos de desenvolvimento económico que se almejaram com a melhoria viária noutros territórios não foram muitas vezes mensuráveis e não existem, muitas das vezes, informações sobre o impacto dos projetos na economia local e até nacional.

Dos estudos realizados a nível europeu, chegou-se à conclusão que “a viabilidade económica real, calculada através da relação custo/benefício baseada no custo e na utilização efetivos, foi significativamente inferior em metade dos projetos, quando comparada com as estimativas da fase de planeamento, que previam custos significativamente inferiores e/ou um volume de tráfego bastante superior”. Conclusão desfaz ilusões sobre milagres para os territórios decorrentes dos investimentos rodoviários mais pesados.
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Chaves / Vinhais – N103
Chaves/Carrazedo de Montenegro – R314 (16 Km em Chaves)
Chaves / Valpaços – N213 (15 Km em Chaves)
Chaves/Montalegre – M507/M508 (16 Km em Chaves)

Chaves, 3 de junho de 2021,

O Secretariado do Partido Socialista de Chaves

 


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