BOTICAS: Consulta pública da EIA da Mina do Barroso termina hoje

2021-07-16 10:45:05

A Associação ZERO dá parecer negativo ao estudo de impacte ambiental.
O Estudo de Impacte Ambiental (EIA) para o projeto da Mina do Barroso, no concelho de Boticas, está em consulta pública desde 22 de abril e o prazo termina esta sexta feira. A empresa Savannah Lithium, Lda prevê a exploração de lítio e outros minerais a céu aberto a partir desta mina, que se situa em áreas de freguesias de Dornelas, Covas do Barroso, Vilar e Viveiro afetando ainda o concelho de Ribeira de Pena.

No dia em que termina o prazo para a consulta pública, a Associação ZERO dá parecer negativo ao estudo de impacte ambiental por considerar que ‘’estamos perante um suposto projeto daquilo que o governo anunciou como de ‘’Mineração Verde’’ e acrescenta que apesar do lítio ser um aliado na transição energética ‘’não pode justificar uma extração de recursos minerais a qualquer custo, sem que sejam devidamente acautelados os impactes sociais, económicos e ambientais’’.

A ZERO levanta ainda aquilo que consideram ser ‘’uma questão pertinente’’ como a convivência da população em permanência com uma mina em laboração 24 horas por dia, que dista escassas centenas de metros entre a população e a área de laboração, problemas com as poeiras, com o ruido de funcionamento ou até mesmo as detonações, ‘’que mesmo que previamente avisadas e cumprindo a lei do ruído, não deixam de ser um fator de incómodo e stress’’.

Assim, e segundo esta associação ambiental, a ideia de uma compensação delineada através de um plano, ‘’parece-nos ser algo desenhado para conquistar a adesão e que não resulta de um processo participativo bem conduzido desde o início com uma discussão com os principais interessados, os que residem e fazem deste território o que ele é hoje’’, Património Agrícola Mundial.

‘’Quando se constata que a exploração poderá ser visível até 30 km de distância, denota bem a intrusão na paisagem e consequências negativas que a degradação provocará termos de atratividade turística da região’’.

A empresa promotora do projeto para a Mina do Barroso desde muito cedo deu conta da criação de emprego no território e posterior fixação de pessoas nesta zona de baixa densidade, algo visto para a Associação Zero como pouco credível.

‘’Dificilmente poderemos acreditar que uma mina com um tempo de vida curto, neste caso em concreto cerca de 12 anos, se traduzirá num repovoar do interior, mas sim num acréscimo temporário de população’’.
Quando à biodiversidade ‘’corre-se mesmo o risco de extinguir ‘’ o mexilhão-de-rio presente no rio Beça que já havia sido salvo em 20
10 com a decisão de não se construir a barragem de Padroselos’’.

Já quanto ao Plano de Partilha de Benefícios com um investimento de 500 mil euros anuais em projetos com as comunidades locais, ‘’é desenhado numa lógica de pressão e coação, mas sem se saber se vai surtir os resultados pretendidos ou, acima de tudo, sem ter em conta a participação e o desejo de adesão dos visados’’.

A consulta pública do Estudo de Impacte Ambiental (EIA) para o projeto da Mina do Barroso, no concelho de Boticas, promovida pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA), termina esta sexta feira e conta até ao momento com 131 participações.

Sara Esteves
Fotografia: David Teixeira

 


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