CHAVES: “A Guerra uniu o Povo e a vitória é nossa”

2022-03-09 09:28:54

Seja qual for o desfecho da invasão da Ucrânia por parte Rússia, Svitlana Pavlovska e Olena Lugofet não têm dúvidas de que a vitória será do povo Ucraniano. As duas vivem em Chaves há mais de duas décadas e garantem que, nos últimos dias o corpo está na cidade flaviense mas a alma na Ucrânia.



É na Rua do Postigo das Manas, junto ao Largo do Arrabalde, que encontramos Olena Lugofet, vive em Portugal há mais de 20 anos e embora já tenha vivido em Rio Maior, é na cidade de Chaves onde reside e possuiu um salão de cabeleireiro.
Com família e amigos na Ucrânia, Olena vive com “o coração nas mãos”. “É uma preocupação e uma dor muito grande pelos familiares, amigos e por todos os ucranianos que estão a sofrer neste momento. É muito complicado”, refere ao Jornal de Chaves visivelmente emocionada.

“O coração bate muito forte”

Olena Lugofet tem 42 anos e uma filha com 23 anos. Sofre pela família que reside na Ucrânia e já se voluntariou a ir buscá-los.

“Tenho falado com a minha amiga de infância e com os meus irmãos, eles estão numa zona mais calma e por isso não querem sair do país. Já o padrinho da minha filha, que está numa cidade muito afetada pelas tropas russas, e onde se ouvem constantemente bombardeamentos, o medo é outro mas ele também não pode sair porque é voluntário. Tem quase 60 anos e está a ajudar na defesa”, explica afirmando que “eles já estão cansados de ameaças.”

Svitlana Pavlovska também é ucraniana e reside em Chaves há 20 anos. Tem dois irmãos militares no exército e um cunhado que é Coronel em Kiev. Alguns familiares e a mãe vivem na zona oeste da Ucrânia em Lviv. É a zona de retaguarda mas pode não ser um porto seguro por muito tempo.

“É muito preocupante. As ambições da Rússia são desmedidas e temos que estar muito unidos. Desde o dia 24 de fevereiro que está a ser um choque muito grande para nós que vivemos à distância mas sobretudo para quem está na Ucrânia”, realça Svitlana Pavlovska de 47 anos.

“Tenho falado com a minha mãe todos os dias. Eles são mais fortes mais do que nós aqui, acredite. Eles conseguem dar-nos mais forças do que eu própria a mim. Não sei onde vão buscar esse ânimo mas a verdade é que estamos a vencer, quando ninguém dava nada por nós. Estou muito orgulhosa deles.”

Svitlana Pavlovska é enfermeira e diretora técnica no Lar do Bom Caminho em Calvão. Uniu esforços junto da comunidade ucraniana em Chaves, cerca de 40 pessoas, e “foi à luta” .

“É possível ajudar mesmo a uma longa distância. Comecei a fazer uma recolha de bens na comunidade ucraniana em Chaves mas o povo flaviense acabou por mobilizar-se e temos um camião com donativos pronto para sair. Estamos muito agradecidos aos transmontanos, aos flavienses.”

César Duque tem acompanhado Svitlana nos últimos dias porque é responsável pelo Lar onde esta ucraniana é diretora técnica. “Dou-lhe muita força e mantenho algum relacionamento com a família dela, a mãe e o irmão. Tenho alguma afinidade. A Svitlana é um dos pilares principais do lar de Calvão”.

Quer Olena Lugofet quer Svitlana Pavlovska estão comovidas com a ousadia dos ucranianos e furiosas com as forças russas e afirmam que “não há motivações nenhumas para esta Guerra. Sabíamos que este dia podia chegar e infelizmente chegou. Se queremos ser livres e viver em respeito mútuo, este regime tem de acabar”, explicam.

Apavoradas com Putin, influenciadas pela compaixão e pela raiva, as duas referem que o futuro do povo ucraniano “é muito incerto”.

“Há seis anos que não vou à Ucrânia. Tinha pensado ir na Páscoa mas tenho a certeza que vou voltar. Posso ver o País destruído mas quero voltar à Ucrânia”, diz Olena quase em lágrimas.

“Se pudesse escolher a guerra terminava agora, neste imediato. Não há razão para isto mas se assim é, a vitória é nossa, não poderá ser de outra forma. “A Guerra uniu o Povo e a vitória é nossa”

Sara Esteves
Fotos: António Barros e Maria Cerqueira

 


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